20 de set. de 2018

O que é o almoço?

Trago na caixa dos peito um incômodo.
Feito seca do chão rachado,
Tem mais água escorrendo no rosto
Do que sangue nas veia.

Não vejo nada, só esbarro.
E esse breu candeia não resolve, não,
Nem a queimada que a seca trás
Leva embora nossa cegueira.

Veio no êxodo e espera a Terra Prometida.
Cabra quebrado feito de dor,
Me ensina a construir outra coisa
Que não seja um amor torto e infante.

Tua boca tá aberta e a minha amarrada.
Tô amassando os dias com feijão,
Pra ver se a minha moringa aguenta
Já que a vida num me desce nem com farinha.

Coisa assim do tempo do ronca.
Tu que foi homem antes de ser menino,
Me fez velho sendo eu novo
Com uma história tão antiga.

Me dá um Lá Maior com Nona que é pra te contar.
Vai cair um pé d'água,
Mas não sei se é o tempo fechando
Ou a ferida se abrindo.

O céu vai desabar e eu não sei mais como se brinca.
Cadê as estrada do teu corpo,
Que eu tô perdido e então diz
Que caminho eu pego, que caminho eu deixo?

4 de set. de 2018

-ESQUECIMENTO-


Fulgura,
de um choro em fumaça quente.
Do ventre
emana o formol que borbulha.
Augura
que há muito se faz presente
Entre
memória que agora entulha.

Conspira,
faz dessa brasa um palanque.
Da gangue
elegante em casta maldita.
Respira
fundo até que a corda estanque
Sangue
de uma retidão cenobita.




2 de mai. de 2018

Espuma


Gozo que explode em fugaz tempestade
Graça que nós buscamos em pecado
Greta que evoca um mar de bestidade
Germinando na encosta o nosso fado

É como corpo que vibra sob a onda
Ecoa o gotejar desta estalactite
Entre a corrente em que a cascata estronda
E a margem que circunda o apetite

Mostro o que em minha língua já se conta
"Mesmo o que de orvalho faz-se dilúvio
Move a chama que explode no Vesúvio"

E escolho a linha em que mudo se afronta
Este oceano em que me torno ofegante
É um raso fundo onde se é navegante